Almada Negreiros tinha 22 anos quando escreveu o Manifesto Anti-Dantas. Estávamos em 1915 e Almada escreve-o num tom irónico e mordaz, atacando toda uma geração que Júlio Dantas personificava e que era conservadora em questões artísticas e defensora dos cânones estéticos clássicos e românticos. Cem anos depois, Filipe Nabais, admirador do texto que marcou o movimento modernista do início do século XX, fez dele uma Taberna na Rua São José, mesmo ao lado da Avenida da Liberdade.
"Só a partir do nome é que comecei a desconstruir o resto da história", o restaurante que e uma taberna, é também instalação viva proeminente que conta o passado que deu origem ao manifesto. As paredes são forradas a revistas do primeiro quartel do século XX, com artigos escritos antes e depois de 1915. Filipe é coleccionador de revistas de época e a primeira parede demorou-lhe três meses e meio a montar, porque existe uma lógica na forma coma estão dispostas, fazendo um espelho daquilo que o início do século XX representou e que Filipe elege como "o período cronológico mais fascinate de todos os movimentos políticos e culturais que forem feitos neste país". É um lugar de histórias - para as ouvir e para as contar -,
e onde a estética se apropria da casa sem pudor de ter sensibilidades políticas. Ao longo do espaço, a história vai-se contando em imagens e objectos. E na cozinha, a mesma foi desconstruída de uma forma etnográfica, reinterpretando pratos tradicionais como os pastéis de bacalhau em massa de pastel de nata. No número 196 da Rua São José, celebra-se a cidade em modo tertúlia, e isso, "Basta pum basta". A